//Replace read more link text $(".et_pb_post a.more-link").html(function () { return $(this).html().replace('read more', 'Continue Reading'); });

25 DE ABRIL E UM HOMEM QUE FALAVA

25 de Abril

Ouvir a História

Locução: Alexandre Honrado

História em Língua Gestual

Ler a História

Havia um homem, vizinho nosso que não falava. Não tinha nenhuma doença ou qualquer problema, só que não falava.
Vivia calado há muitos, muitos anos. Tinha medo de falar.
Naquela manhã bateu-nos à porta. Bateu mesmo, como se a porta lhe tivesse feito algum mal. Bateu com muita força e acabámos todos por ir atendê-lo, a saber o que nos queria.
Fomos em grupo: a avó e a mãe à frente, o avô e o pai atrás, os netos em fila.
Espantoso! O nosso vizinho que não falava começou a falar, a falar, a falar. A falar que era uma beleza ouvi-lo.
– Venham! Venham saber o que aconteceu! Já podemos falar e escolher o que queremos para as nossas vidas. Está uma revolução na rua! Venham depressa!
Fomos à janela ver a Revolução. E a revolução era o povo todo a cantar, de cravos vermelhos na mão, e soldados a passar de uma ponta a outra das cidades, das vilas e das aldeias, a dizer que eram eles e os seus capitães que abriam o País à Liberdade.
Fomos logo para a rua para ver a Liberdade. E a liberdade era gente a rir e a dançar e nós rimos e dançámos com eles. 
O avô, que falava pouco, estava agora um verdadeiro tagarela. A avó fazia-lhe companhia.
A mãe e o pai saltitavam. Os mais novos pulavam.
Ouvimos uma canção, e nunca tínhamos ouvido uma canção assim. “Sobre as águas calmas/Um vulcão de fogo/Toda a terra treme/Nas vozes deste povo”
Até parecia que os risos estavam pintados de todas as cores. E até parecia que as cores sorriam para nós.
Era um dia a fazer esquecer memórias tristes e a fazer nascer memórias de mudança. 
Memórias são coisas que ficam do tempo que passa. Coisas que recordamos. E agora recordo o 25 de Abril do ano de 1974. Foi há muitos anos, mas o que aconteceu continua a ser tão importante, que vale a pena ir à História para contar esta história. Foi o dia de uma Revolução. Mas uma revolução em que as flores foram mais fortes que toda a força do Mundo. Sem este dia não podíamos viver a Liberdade. Nem gritar Viva a Liberdade! Foi um dia de abrir novas memórias.Há muitos anos, um dia cheio de vontade de mudar as nossas vidas ficou para vir a ser uma memória. A tua memória. A memória de todos nós. 
É verdade: havia um homem, vizinho nosso, que  nunca falava. Mas a partir desse dia nunca mais se calou.

Alexandre Honrado

Comentários

1 Comment

  1. Tomé Barros

    Lindo

    Reply

Leave a Reply to Tomé Barros Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Vem Dançar e Cantar

De cá para lá

De cá para lá
De lá para cá
Segue assim o mundo
Se eu não estou cá

A cor dos meus olhos

Não me tiram esta cor
Que tenho nos meus olhos
Se é assim o meu amor
Eu vejo com os meus olhos

Qualquer coisinha…

Qualquer coisinha
Me sabe tão bem
Cantar na cozinha
No banho também

Voltas que se dão

Voltas que se dão
Tantas voltas que se dão
Só para se ser feliz
Aquece o coração

Guerra e Paz

Guerra e Paz

Qual o valor da terra
Se dá flor para murchar
Qual o sabor da guerra
Quando a paz se ganha a matar

25 de Abril

Liberdade

A minha voz
Tem os sonhos a girar
A minha pele
É janela colorida

Qual?

Qual é a cor
Que trazes para mim
Será que tem princípio?
Será que tem fim?

Olha para mim

Olha para mim
Que estou aqui
P´ra te cantar
Sabes mesmo assim

Dar a volta ao mundo

O que é meu
O que é teu
Já não sei
Não sei bem

Ninguém à janela

Quando olho para ti

O que é meu
O que é teu
Já não sei
Não sei bem

Don`t copy text!