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Conheci um urso branco, polar, animal do ártico – que é uma região do norte do nosso planeta onde as temperaturas são sempre muito baixas – este urso branco era desses que passam mais tempo na água do que em terra, até porque a terra dele é o polo norte e o polo norte está sempre gelado e os pés no gelo ficam num estado que não se pode.
Pedro, o urso.
Ao contrário de todos os outros ursos, o Pedro urso adorava música e o seu maior desejo era ser cantor, atuar num grande palco, ter os fãs à porta, as ursas todas a suspirarem e a pedirem-lhe autógrafos. Ponha aqui a sua pata, grande cantor! E o Pedro urso punha a pata, assinando assim como lhe pediam, os ursos não têm grande jeito para a escrita e fazem assim os seus autógrafos, passando a pata onde lhe pedem que a pousem.
O urso branco ouvia rádio de manhã à noite e nos intervalos ouvia as canções dos seus cantores preferidos, o António Marujo, a Lena Sete Mares, o Ogan Colibris, a Cravinho e a Maria Brisa. Sabia as canções todas e por vezes ia para cima de um bloco de gelo, o mais alto que encontrava, e cantava, cantava, cantava, até não poder mais.
Quase todos os habitantes do polo, a começar pelos outros ursos, as focas, os leões marinhos, as andorinhas do ártico, os pinguins, os bois-almiscarados, os lobos, as baleias, até os peixes, vinham ouvi-lo e aplaudi-lo e apreciá-lo.
Qualquer dia, organizo aqui um grande festival, o Rock in Oceano, ou o Inverno Sound, pensava o Pedro urso branco, cheio de vontade de tornar-se uma estrela ao nível mundial. Qualquer dia compro uma viola e vocês vão ver.
Mas enquanto nada disto acontecia, cantava. Cantava no cimo do bloco de gelo, nas longas caminhadas pela neve, até cantava no banho e que bem que se estava na água nos mais agradáveis banhos musicais. Pedro, o urso branco, a vedeta dos polos. Não duvides.
Alexandre Honrado
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