Ler a História
Dizem que num país LONGE DAQUI vivia uma rainha, um rei e a partir de certa altura também um pequeno príncipe. O pequeno príncipe tinha tudo: brinquedos, roupas, telemóveis, jogos de consola e as maiores orelhas que já se tinham visto naquele país gigante. O pequeno príncipe usava chapéu e cabelos compridos, mas qual quê, as orelhas saíam do chapéu, afastavam os cabelos, apareciam e toda a parte. Nas festas, tinham de reservar quatro lugares na sala: o rei, a rainha, o principezinho, as orelhas. Se andava de avião, marcava dois lugares, se andava de barco, não precisava de remos. Se a imprensa fotograva o principezinho, as orelhas ocupavam a capa das revistas e dos jornais. Se era a televisão que vinha gravá-lo, transmitiam a reportagem em episódios, para lá caber o príncipe e depois as orelhas. Muito depressa o principezinho descobriu que ouvia como ninguém. Sabia os segredos todos do país. E tinha um enorme jeito para a música. Apanhava tudo de ouvido, como se costuma dizer, era um orelhudo. Decidiu fazer uma banda. Procurou no seu país e nos países alheios quem quisesse entrar no seu projeto. Arranjou um saxofonista, com um nariz enorme, o pianista com as maiores mãos do mundo, um trompetista com um beiço daqui até lá baixo. Um guitarrista, que não tocava com os pés, tinha-os quase do tamanho do palco. Calçava sapatos feitos por encomenda. E que músicas tocavam! Nunca se ouviu nada assim. O príncipe cantava, e abanava as orelhas, e nos dias de verão produzia um vento fresquinho daqueles que tanto gostamos e que parecem vir das orelhas de alguém que faz o favor de nos refrescar!
Alexandre Honrado
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