Ler a História
Fui ali agora mesmo e já voltei.
Fui ali agora mesmo, à janela – e não estava lá ninguém
Digo eu… Não estava ninguém à janela na janela, não estava ninguém à janela, e não estava ninguém lá fora, na rua. Não estava mesmo ninguém, nem janela do outro lado da rua. Não estava ninguém a passear com alguém. Portanto não havia ninguém. E também não estava ninguém nos telhados, a reparar as telhas, a contar antenas de televisão, dessas antigas que parecem picos de ouriço nem das outras, redondas, brancas, que parecem barrigas de morsa, barrigas de urso polar ou barrigões de elefante. Ou barrigões de baleia, que são mais brancas que os elefantes.
Eu nunca vi um elefante branco.
Também não estava ninguém à procura de gaivotas.
Estava um pombo, mas mal me viu foi-se embora, até porque, se ficasse a conversar comigo esta história já tinha alguém. Era eu, que ficava ali, à janela, e não voltava para dentro para contar o que contei.
Alexandre Honrado
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