Ler a História
Acreditem, eu, quando era pequeno, adorava histórias com rainhas, com reis, com coroas na cabeça e reinos distantes. Eu não sabia bem o que era isso dos reinos distantes, mas achava que um ia poderia ir visitá-los com a possibilidade de cumprimentar o rei e dançar um bocadinho com a rainha. O rei era muito parecido com um boneco que eu tinha e que às vezes ia à guerra e outras conduzia um comboio e a rainha era tal e qual a boneca da minha irmã, aquela com tranças e vestido azul com estrelas amarelas.
Não sei se sabem mas agora estou grande e a viver em casa. Arranjo todos os jogos que posso para passar o tempo. Jogo à bola, com cuidado, porque a balinha pode ser a janela da sala e partir-se, jogos às adivinhas, jogos aqueles jogos que precisam de dados e tabuleiro e pedrinhas coloridas e essas coisas.
Um da destes estava à procura desses jogos e procurei tão bem que até procurei debaixo de uma cama, que tínhamos para as visitas quando tínhamos visitas, não é agora o caso. Estiquei-me, muito bem esticadinho e descobri debaixo dessa cama as coisas mais divertidas. Já nem me lembrava que as tinha usado, e tanto, há anos atrás.
E de repente, saiu de lá, primeiro, o rei das minhas histórias, com um casaco de malha que era da minha mãe mas que encolheu ao ser lavado. E depois a rainha. Linda, com tranças e vestido azul com estrelas amarelas. E um bocadinho de pó. Fui logo contar a toda a gente: vejam, vejam, descobri onde fica o reino distante.
Nessa noite, até dormir com sonhos lindos.
Alexandre Honrado
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